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Nada nas Mãos: técnica efetiva de bem-estar animal

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O bem-estar animal é cada dia mais notório em fazendas pelo Brasil, não se trata apenas do manejo no curral, mas sim de todo um conceito para tornar a pecuária sustentável.

Adriane Lermen Zart, veterinária formada pela UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, consultora da Personal PEC e eleita pela Dinheiro Rural como uma das 100 personalidades mais influentes do agronegócio.

Propagadora da técnica Nada nas Mãos criada pelo médico veterinário Paulo Loureiro, a pecuarista e veterinária Adriane Lermen Zart vem ganhando notoriedade com a nova técnica. Isso porque a ideia é lidar com animais sem lhes causar estresse. Desde o ano passado passou a promover treinamentos em fazendas para difundir esse tipo de manejo, que consiste em uma técnica de aproximação. O modo diferente de cuidar dos animais está ganhando adeptos no Brasil. Ele vem sendo praticado em 36 fazendas de criação de gado, em oito Estados, além de Paraguai e Bolívia.

Detalhes do manejo

Nada nas Mãos A prática visa melhorar a performance do rebanho utilizando algumas técnicas de manejo e condução, como a comunicação “olho a olho”, a fala e outros recursos de linguagem corporal.

Esses métodos podem substituir o manejo físico e grosseiro convencional que causam estresse para os animais e acabam prejudicando seu desempenho e sua saúde. O objetivo do manejo “Nada nas Mãos” é beneficiar, não somente o animal, mas também tornar o trabalho da equipe mais agradável, proporcionando uma relação tranquila entre manejador e o rebanho.

Zoetis dissemina técnica “Nada nas Mãos”

Conduzir o gado de forma inadequada, seja para o pasto, para o transporte ou para qualquer procedimento pode elevar o seu nível de estresse e, consequentemente, afetar a sua saúde e desempenho. Isso ocorre, por exemplo, com o uso de bastões de choque, chicotes e outros instrumentos utilizados em fazendas do mundo todo. Contribuindo para mudar este cenário e preservar o bem estar animal, a Zoetis começa a disseminar no Brasil a técnica chamada “Nada nas Mãos”.

Quais as vantagens desse manejo em relação a outros tipos de manejo? Existe alguma desvantagem?

Adriane Zart: Eu acredito que o principal impacto da técnica é tornar o trabalho com gado mais agradável, tanto para os manejadores como para o gado.

Quando os bovinos se sentem confortáveis onde vivem e confiam nas pessoas, eles produzem mais e adoecem menos. Fica mais fácil detectar doenças em estágio inicial, uma vez que os bovinos aprenderam a esconder sintomas para não serem deixados para trás pelo rebanho. Esse é um mecanismo de defesa da própria evolução da espécie. Além disso, estudos comprovam que animais com baixo nível de estresse apresentam melhor imunidade e respondem melhor a vacinas.

O impacto nos resultados reprodutivos também é expressivo, pois gado calmo e confiante, que não corre no curral, apresenta maiores chances de emprenhar em programas de IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) ou TETF (Transferência de Embriões em Tempo Fixo).

Não vejo qualquer desvantagem da técnica, pois a segurança da equipe e agilidade e eficiência do trabalho são promovidas.

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Foto: Divulgação

Ainda existe um tabu por parte dos produtores, em relação a este manejo? Como convencer o produtor rural que o bem-estar animal é importante para o rebanho?

Adriane Zart: Cada vez mais o mercado consumidor e a sociedade como um todo querem saber como os animais são cuidados. Assim, eu acredito que a agropecuária que se manterá crescendo e prosperando será a que for feita com responsabilidade social, ambiental e animal, ou seja, onde homem e natureza convivem em harmonia.

Então a preocupação com a qualidade de vida da equipe e do gado é um caminho sem fim. E o melhor de tudo é que, inevitavelmente, o benefício econômico direto será obtido, pois animais que se sentem confortáveis dentro de um sistema de produção acabam sendo mais eficientes.

O manejo de gado é uma arte, exige técnica, habilidade, atitude e muito amor. Investir no treinamento e motivação da equipe que trabalha com gado deve ser uma premissa para qualquer fazenda. Faz muito mais sentido melhorar o nível de compreensão e habilidades do vaqueiro do que buscar por soluções mecânicas e de alta tecnologia para problemas comportamentais.

Sobre Adriane Lermen Zart

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Adriane Zart

Médica Veterinária graduada em 2009 pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); Mestre em Ciência Animal com ênfase em Sanidade Animal em 2013 pela UFMS; Sócia – Diretora Técnica em Gestão e Planejamento Pecuário da PersonalPEC.

Para maiores informações entre em contato pelo e-mail adriane@personalpec.com.br

Parte do conteúdo é reprodução da entrevista feita pela SCOT Consultoria que você pode acessar aqui.

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